ELA

18 de mar. de 2012

A DIVINA TRAGÉDIA QUE SE VIVE NOS DIAS DE HOJE...

Quadro de Alessandro Bavari

Capítulo I

São 2  e meia  da manhã de um domingo e um bar com toda a sua trupe de músico, violão, bateria, microfone e multidão, generosamente brinda a rua inteira com um show a céu aberto. A alegria extraída da mistura do álcool com a auto-complacência contagia e inflama.
E, no calor da agitação o vozerio exalta-se com o músico gritando ao microfone, as garrafas sendo quebradas no meio da rua e a língua pátria transformando-se num grunhido onde a cena em si nos remete ao Homo Sapiens retratado nos filmes de ficção.


Capítulo II

3:20h da madrugada - alguém solicita a presença da polícia (aliás, com minha eterna gratidão); o ardor ébrio do rebanho dá lugar a uma pausa forçada. 15 minutos - considerações trocadas e, a ilusão do discernimento preservada, vai-se a polícia com a sensação de dever cumprido deixando para trás uma bomba de contrariedade contida que explode como um grito de guerra musicalizado ao microfone:
“Polícia! Para quem precisa. Polícia! Para quem precisa de polícia...”

e daí seguindo para a exaltação da cerveja, do protesto, do bar, como hinos que unem os membros de um clã contra o ultraje da opressão de seus direitos. E o direito do próximo..?? Bem, o próximo é o próximo copo cheio afinal, a vida é uma festa que deve ser mantida a qualquer custo, porque viver a realidade é para outros que devem fazer para mim aquilo que eu não tenho nem vontade nem coragem de fazer por mim... Eu? Sou uma vítima dessa sociedade que não compreende QUEM realmente eu sou, por isso, sigo como andarilho rebelde que ri, canta, dança e bebe para esquecer, 
que:


1- O meu direito termina aonde começa o direito do outro;
2- Uma sociedade é constituída por indivíduos e não por um ser alienígena que anda de UFO e usurpa a seu bel prazer da vida de todos;
3- Para se construir um mundo melhor é preciso que cada um faça a sua parte. Passes de mágica, de entidade ou de samba não vão resolver.
4- A vida é um espelho que reflete de volta a própria imagem do que criamos; assim, cada um é vítima de si mesmo.
5- Educação insere conceitos de ética, moral, discernimento, consciência, fraternidade e sim, boas maneiras; porque até mesmo os animais têm regras de conduta entre si.
6- Se a infelicidade e a insatisfação são um problema, transforme-os na solução – exerça o seu direito de promover mudanças, seja pró-ativo e não re-ativo, e cumpra com o seu dever - não como um “favor” aos outros ou a tal sociedade, mas com a consciência de que tudo faz parte de um processo universal chamado polaridade – Nada é mão única, tudo sempre tem duas vias: o dar e o receber.            



Capítulo III - Final


Passa a régua e fecha o bar – são 5 e meia da manhã.
Morfeu rompe os véus do sono buscando saber quem perturba seu mundo de sonhos.
São 7 horas da manhã e do mesmo bar uma orquestra composta por britadeira, marretas, pás, entulhos e gritos... irrompe o silêncio dominical. A via pública (calçada) e toda a área externa aberta do bar seguem mantendo vivo o grito de rebeldia da madrugada qual cães zelosos do Hades.         


A essa altura, despertada antes de a Morfeu conseguir abraçar, só me resta sonhar com o retorno do Filho bem amado – Marte - que se encontra retrógrado em companhia de seu avô -Saturno – Aquele que caminha sobre a face da Terra carregando uma foice; pois, se pelo Amor não há estrada aberta no coração da humanidade, então, que se rasguem os véus do egoísmo e da inconsciência através das dores do Rigor.  DURA LEX, SED LEX!


Denise Andrews


4 comentários:

  1. Você vive falando sobre meus textos serem bons, mas você não fica atrás nem um pouco, mesmo sendo este um desabafo seu contra uma sociedade que insiste em deturpar o bons valores, os bons costumes, você me encantou com diversas frases que, tenho por mim, posso usar em diversas ocasiões.
    Um relato real, uma poesia real, um sentimento real, algo que fiquei maravilhado!

    Surpreendente. Sei que foi difícil, e oro a DEUS que seja mais tranquilo esta noite.

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    1. Oi Ronaldo,

      Obrigada pelo comentário sempre delicado, mas, como citei abaixo, o ideal seria estar escrevendo outro tipo de texto... enfim... a realidade é o que é.

      bjs,

      Denise

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  2. Bem escrito e bem dito!!!
    Parabéns!!!

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    1. Pois é Lola, o ideal seria se escrever algo para enaltecer o comportamento dos jovens que são o futuro; mas, ao invés disso, fica a pergunta: Que filhos estamos deixando para o mundo!

      Obrigada pelo comentário e seja Bem Vinda!

      Denise

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